quarta-feira, 13 de julho de 2011

Uma vergonha chamada "Copa do Mundo de 2014" e por que desistirei do futebol a partir de hoje

Antes mesmo do anúncio oficial de que o Brasil seria o País sede da próxima Copa do Mundo de futebol, já se sabia o que viria a seguir, apesar de todas as promessas demagogas e hipócritas de que não entraria um centavo de dinheiro público na reforma e/ou construção dos 12 estádios que receberão os jogos do torneio: a aprovação do RDC (Regime Diferenciado de Contratações), com o objetivo de atropelar (não existe palavra melhor para definir a situação) os processos legais de licitação das obras, estimulando o uso de dinheiro público nas obras; isenção fiscal para as obras, que estão toalmente fora do cronograma oficial; superfaturamento; construção de estádios supérfluos e que, num futuro não muito distante do final da Copa, virarão "elefantes brancos" de primeiro mundo (como os de Brasília e Cuiabá, por exemplo), e por aí vai.

E tudo isso comandado por Ricardo Teixeira, dono da famigerada Confederação Brasileira de Futebol (a popular CBF) e, ao que parece, manda mais no País do que as autoridades do Executivo, incluindo a presidente Dilma. Em nome dos benefícios que a Copa supostamente trará para o Brasil (ou para seus próprios bolsos), membros do Executivo e, principalmente, do Legislativo abafam toda e qualquer acusação contra Teixeira e a CBF, que cada vez mais se tornam mais contundentes. 

A dissimulação é tão grande que, em entrevista à Revista Piauí (edição de junho), o próprio Ricardo Teixeira diz que está "cagando" para aqueles que o criticam e que "somente ficará preocupado quando uma denúncia contra ele sair no Jornal Nacional", deixando claro a relação de promiscuidade entre CBF e a Rede Globo, que cada vez mais adota a política do "pão e circo" e dá de ombros para todos os problemas relativos à (des)organização da Copa. A entrevista repercutiu de forma negativa em todas as partes do mundo, exceto aonde realmente deveria repercutir com mais contundência: no Brasil. Por que será?

Definitivamente, o Brasil não é um País sério. E você sabe de quem é a (nossa) culpa, não é mesmo? Não sabe? Basta nos olharmos no espelho...


Abandonar o navio!


E hoje, a esculhambação será oficializada em São Paulo, que ainda não tem um estádio oficial para a Copa do Mundo. Até hoje, quando o futuro estádio do Corinthians em Itaquera será oficializado pelo Comitê Organizador da Copa (que conta com o próprio Teixeira e pessoas de caráter, no mínimo duvidoso, como o - ainda - Ministro dos Esportes Orlando Silva e o diretor da corrupta FIFA, Jerome Valcke) como o estádio de SP (e da abertura) do torneio. Entre o anúncio do início do projeto do "Fielzão" e hoje, passou-se menos de um ano. Vereadores (de todos os partidos, que fique claro) e o prefeito Gilberto Kassab trabalharam arduamente para que todas as etapas fossem aprovadas em tempo recorde, incluindo o plano de isenção fiscal de aproximadamente R$ 420 milhões para as obras. 

Isso quer dizer apenas uma coisa: os impostos que os paulistanos pagam (que não são poucos e ajudam a definir a cidade como a 10ª mais cara do mundo) e que deveriam ser revertidos para a saúde, educação, transporte e segurança públicos vão ser usados para a construção de um estádio para mais de 60 mil pessoas e que, muito provavelmente, aumentará a dívida que o Corinthians tem com a União, que já ultrapassa os R$ 100 milhões. São Paulo não precisa de um novo estádio para Copa: o Morumbi era a melhor opção, de longe. Agora, com o "Trio de Ferro" com seus próprios estádios a partir de 2014, o que fazer com o tradicional estádio do Pacaembu? Resposta: mais um estádio fadado ao título de "elefante branco".

No meio disso tudo, dois nomes que me dão nojo: Ricardo Teixeira e Andrés Sanchez, atual presidente do Corinthians, que se vendeu para a CBF, liderou a dissolução do Clube dos 13 no episódio da renovação dos direitos de transmissão dos clubes com a Rede Globo e colocou o Corinthians numa situação de endividamento praticamente eterno. Agora, um questionamento: um clube que faz uma proposta de 40 milhões de euros para um jogador (no caso, Carlos Tévez, que esteve no clube entre 2005 e 2006 e saiu pela porta dos fundos) tem realmente que implorar por isençã ofiscal para construir seu estádio?

O que lamento é ver comentários de corinthianos preferindo ironizar seus maiores rivais e comemorar a construção de um estádio supérfluo às custas de dinheiro público vindo dos nossos impostos do que se revoltarem contra essa situação vergonhosa. O que está acontecendo no Brasil é caso de Polícia, é digno de impeachment e de cadeia! E ninguém faz algo pelo País: a grande parte dos jovens preferem fazer gracinha nas redes sociais a realmente se engajarem e jogarem todos (vereadores, deputados, senadores, presidente) contra a parede.

É por isso que, a partir de hoje, estou desistindo oficialmente do futebol brasileiro e, como consequência, não torcerei mais pelo Sport Club Corinthians Paulista enquanto o Sr. Andrés Sanchez ou alguém ligado a ele continuar naquele clube. Parece uma tarefa difícil, ainda mais se levarmos em conta à paixão (ou seria monopólio?) que o brasileiro tem com o futebol. Mas, sinceramente, há coisas muito mais importantes do que futebol. Por exemplo, o que fazem com o dinheiro dos nossos impostos. Além do mais, o Brasil não é apenas futebol (apesar da Globo passar a idéia contrária o tempo todo).