sexta-feira, 3 de junho de 2011

A política das greves em São Paulo

Nos dois primeiros dias deste mês de junho, a população paulistana foi "presenteada" com a greve dos funcionários da Companhia Paulista de Trens Metropolitanos (CPTM). O que era uma paralisação parcial em algumas linhas na última quarta-feira virou uma greve generalizada que atingiu todas as linhas ontem, 2 de junho, e que deixou aproximadamente 2,2 milhões de usuários sem o meio de transporte na Região Metropolitana de SP. Esperava-se uma greve dos funcionários do Metrô hoje, mas o Sindicato dos Metroviários aceitou a proposta de aumento salarial da alta cúpula do Metrô.


Toda vez que há uma greve, de qualquer tipo, em São Paulo tenta-se, de todas as formas, jogar a responsabilidade única e exclusivamente nos grevistas. Mas será que isso é realmente justo? No caso dos funcionários da CPTM, está mais do que claro que essa greve não foi por falta de aviso, já que as negociações se arrastavam desde março. O problema é que a maioria da população somente se importa com a situação desses trabalhadores quando se sente prejudicada. E quase sempre, jogam sua fúria contra os grevistas sem nem, ao menos, entenderem os motivos dos mesmos. E, convenhamos, quem ficaria feliz em receber um salário  que, de tão defasado, não é suficiente para suprir suas necessidades mais básicas e, quando se tem uma proposta de aumento, esta não se equipara nem à inflação, o que pereniza o ciclo de defasagem salarial?

A grande verdade é que o Governo Paulista, cujos nomes já são conhecidos há mais de 16 anos, não investe no transporte público como se deveria, seja com investimentos contundentes no Metrô e na CPTM, seja na implementação de alternativas efetivamente VIÁVEIS aos carros (vou falar sobre a hipocrisia das "ciclofaixas de lazer" num post futuro). O que vemos é uma realidade ridícula: um Governo que se "gaba" de ter construído 1 km de Metrô por ano  desde 1994 e que acha que "ciclofaixas" que funcionam apenas nos domingos são soluções. Enquanto isso, funcionários que trabalham muito para receberem pouco são vitimizados pela "grande mídia" e pela população, cada vez mais desinformada e despolitizada.

Essa é a política de "inversão de valores" implementada por Alckmin, Serra e seus tucanos em São Paulo: até professor de escola pública já virou "inimigo número 1 do Estado" por protestar contra as mazelas da educação pública paulista, cujo nível decaiu de forma incrível e inaceitável nos últimos 16 anos (e falo isso por experiência própria pois acompanhei esse processo enquanto estudava em colégios públicos do Estado). Triste, mas verdade.

Nenhum comentário:

Postar um comentário